Continuação de Ângela Lehve
(eu estou preparando TOURO, então não reclamem!)
Mais um dia normal na vida de Ângela. Ela acorda de mau-humor, se arrasta até a cozinha, faz um chocolate e torradas, leva tudo até a sala, liga a tv, senta à mesa, descobre que esqueceu a geléia, se teletransporta* até a cozinha, pega a geléia, se teletransporta de volta para a sala, termina de comer e ver um dos desenhos animados matinais, vai até o banheiro, toma banho, se veste, pega a bolsa esportiva com o uniforme da HERMES - entregas ltda. e sai porta afora para mais um dia de trabalho.
No caminho para a empresa, em pé num ônibus cheio, e sentindo uma inegável simpatia pelas sardinhas enlatadas, Ângela não consegue impedir que certas lembranças aflorem à sua mente.
[Eu quero sair daqui. Eu quero sumir, sumir, sumir!]
*PUF*
- Ei! Cadê a garota?! Quem deixou ela sair da câmara de fótons?
- Pra onde ela foi?
- Parem de olhar e procurem! A gente não pode deixar esse acidente vazar! Já pensou se um repórter enxerido...
[Onde eu estou...? Que enjôo, acho que eu vou vomitar...]
- Achei! Ela tá aqui!
...
- Menina, como você saiu?
[Saí? .... Ah, é... eu estava na câmara...]
- Não sei... Não lembro direito...
[Como foi que eu saí?]
- Ela ainda tá em choque. Vamos levar ela logo pro médico...
O ônibus dá um solavanco e Ângela vê o ponto onde deveria saltar indo embora. Ela avalia suas chances, mas há muita gente, então ela se resigna a esperar o próximo ponto e se prepara para caminhar alguns quarteirões a mais até a empresa.
Durante a caminhada, Ângela prende seu cabelo, já seco, num rabo de cavalo e começa a entrar no seu papel de garota-descolada-que-não-dá-a-mínima-para-nada habitual. Ela entra como um foguete pela porta central, ignora o recepcionista pervertido e vai direto para o vestiário. Uma vez dentro, passa reto por garotas fúteis conversando sobre uma criatura que mais parece saído de uma revista em quadrinhos.
- Ai, mas ele é o máximo! Ele é forte, deve ter rios de dinheiro, e o que ele faz... ele até voa!
- Ah, mas ele é velho! Ele lutou na Segunda Guerra!
- Então ele deve ter uns... quantos anos?
- Não sei... Quando foi a Segunda Guerra mesmo?
Ângela se troca e sai do vestiário na maior velocidade possível. Chega perto do recepcionista e pega suas entregas para o dia, sem poder evitar antes ouvir uma piadinha suja, e sai.
Ela olha para os vales-transporte que o recepcionista deu. Seu salário ainda demoraria alguns dias para sair. Ela pensa duas vezes e resolve arriscar. Estuda seu trajeto até o destino da entrega, olha para os lados, entra no prédio comercial ao lado. Entra no elevador, aperta o botão do último andar, chega no último andar, encontra as escadas de incêndio e sobe. Chegando no terraço, Ângela anda lentamente até o parapeito e olha para baixo. Calcula a queda e se convence que provavelmente não sobreviveria. Então olha bem fixamente para o topo do prédio em frente, fecha os olhos... e desaparece.
*Esse asterisco é, primeiro, uma homenagem ao Kadu. Em segundo lugar, ele serve para explicar que bem... sim, é isso mesmo, ela se teletransporta.
Blanche's rebellion weblog. Beware...
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