Blanche's rebellion weblog. Beware...

14.5.05

Hoje eu estava me sentindo mal.

Não sei o que me deu, mas hoje eu estava mortalmente inquieta e, como acontece toda vez que fico inquieta, a inércia me deixava com uma sensação de que um meteoro ia cair na minha cabeça a qualquer minuto. Não ter algo específico para fazer quando a sensação de que você deveria estar fazendo algo importante que você não sabe direito o que é é muito pior do que estar exausto com uma tarefa interminável.
Acabou que eu fiquei vagando pela Tijuca, e me sentindo out of place.
Eu acredito que todas as coisas têm uma razão e um motivo de ser. Eu tenho uma noção de Deus bem estapafúrdia, que eu não costumo divulgar primeiro porque não interessa e segundo porque eu não tenho nenhum desejo de ficar discutindo minhas teorias teológicas com ninguém. Não quero converter ninguém, e também não quero que metam o bedelho no que eu acredito.
Mas hoje, por alguns motivos escusos, eu resolvi falar.
Vou falar diretamente, sem ficar repetindo “eu acho que...”, pois parto do princípio que isso nada mais é do que a minha humilde opinião pessoal. Entendam isso ou parem de ler aqui.
Deus para mim é o que é certo.
Antes eu deveria escrever um longo parágrafo sobre como eu não sou muito fã da idéia antropomórfica de Deus. Eu acho isso muito limitado. Eu acho que Deus pode assumir qualquer forma, então gosto de trabalhar com a idéia de uma massa disforme de energia que regula a existência e a não existência. (...) Hum.... acho que vou guardar essa parte da discussão para um outro dia...
Bem, voltando ao primeiro tópico. Deus é o que é certo. Entendam... a Filosofia e a Teologia, e muitas outras logias mais tendem a relacionar Deus com o que é Bom. No entanto, eu não acho que isso é muito apropriado. O certo é aquilo que a gente acha que, em algum nível, é bom, correto? E geralmente, é o que costumamos relacionar com o que é mais nobre, e mais próximo das coisas que nos transcendem, que para efeito de nomenclatura, podemos chamar de Metafísica.
Qual é a lógica de raciocínio mais comum? "O que é bom deve ser certo" ou "o que é certo deve ser bom"? É certo comer chocolate até não agüentar mais? Pode não ser, mas é bom, não é? E isso não se aplica somente às experiências carnais, mas a quaisquer experiências. O que é bom muitas vezes segue um caminho diferente do que é certo, e nós sempre tendemos a admirar mais o certo. Mas quem diz o que é certo? Ora, nós podemos fazer aqui uma boa relação com o Imperativo Categórico de Kant, não? E agora eu uso a definição acima: Deus é aquilo que regula a existência e a não existência. Ele define o que é certo. O que geralmente choca as pessoas é justamente quando eu chego nessa parte: O problema é que Deus não é, necessariamente, bom. Nem mau. Ele é neutro. Da mesma forma que ele não tem forma, ele não tem posição maniqueísta alguma. E também é necessário que desmistifiquemos o certo. O certo nada mais é do que uma convenção, seja divina ou humana. E, como qualquer convenção, pode ser rompida. No entanto, esta ruptura oferece conseqüências. Se revoltar contra um “destino” sem motivo real é como se revoltar contra qualquer pré-definição. Quanto mais forte a definição (ou lei) e maior a ação, pior é a reação.
Quanto ao destino. Nosso “destino” muda todos os dias, de acordo com as nossas decisões e as decisões das outras pessoas, e até de acordo com o acaso. Nosso destino é passível de ser decidido por nós, mas nunca de forma holística. Ele é fluido como água, e apenas segue um desenho geral. Como as mãos, que têm um formado individual, mas vão se adequando e se redesenhando ao longo de nossas vidas...
Na verdade, eu acho que um dos maiores desafios do ser humano é conseguir adequar o que é certo (o que está um tanto quanto relacionado com o destino, apesar dos dois serem bem diferentes) ao que é bom. Acho que para fazer isso é necessário interpretar os fluxos de energia, cosmos, a Força ou o que vocês quiserem chamar, que são, nomeio eu, "Deus" (massa de energia disforme que está em todas as coisas) e agir de acordo.

Bom... já falei demais, e já mostrei coisas demais que eu não deveria publicar assim nunca, nunca.
Isso é uma pequena parte, mal explicada, da teoria kirjávica da metafísica. Eu poderia rechear isso de exemplos para que fizesse algum sentido, mas aí ficaria ainda mais longo.
O que importa é que hoje eu senti que eu deveria estar fazendo alguma coisa importante, e não consegui descobrir o quê. Só sei que não fiz.
Eu me senti inquieta e sozinha, sem lar, sem destino.

Eu espero que o dia seja melhor amanhã.

Plagiando o modo Kadu de postagem:
She wants to go home, but nobody's home. It's where she lies, broken inside. With no place to go, no place to go to dry her eyes. Broken inside.

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