Blanche's rebellion weblog. Beware...

17.11.05

O Alce, o Koala e o Vento

- Oi, Ângela.
- Oi.
- Eu posso falar com você?
- Me dá dois minutos.

Ângela pulava* de um lado para o outro de uma parede feita especialmente para ela no salão de treinos de resistência da Agência**. Diego passou por dois agentes fazendo bungee jumping, um grupo de cinco trainees fazendo acrobacias em uma cama elástica e mais uma aula de yoga ministrada pelo Sr. Duhalib até encontrar um lugar quieto para sentar***. Depois dos prometidos dois minutos, quando Diego estava começando a pensar em ir falar com ela de novo, Ângela aparece na frente dele, com um leve rastro de fumaça.

- Putz! Você não pode andar que nem uma pessoa normal?!
- Desculpa, – ela sorriu – eu tava no automático.

Observando melhor, Diego notou que seu cabelo estava todo grudado na testa com o suor, além de sua respiração estar arfante. O teletransporte realmente parecia ser um esforço físico.

- Você resolveu treinar assim sozinha?
- Não. Foi o Dr. Moura. Ele disse “Minha filha, se você quer ter a mínima chance de sobreviver, você tem que se preparar”. Daí ele mandou colocar aquela parede lá no meio da sala de treinos.
- Hm.
- Que foi?
- Quando foi a última vez que você falou com ele?
- Ontem à tarde. Por quê?
- Você reparou se tinha alguém por perto?
- Tinha várias pessoas por perto, Diego. A gente estava no meio do corredor pro refeitório. Que cara de teoria da conspiração é essa?

Diego resolve tirar o olhar Sherlock Holmes da cara depois disso.

- Olha... eu acho que tem alguém querendo sabotar aquele velho teimoso.
- Como assim?

Ele então decide contar a Ângela os eventos da noite anterior.

- Eita. Mas você não sabe quem foi? Pelo cheiro, sei lá?
- Eu já disse isso pro Alce e vou dizer pra você: eu NÃO sou personagem da Marvel, valeu? Eu só vou conseguir reconhecer o cheiro do infeliz quando puder encontrar com ele de novo e isolar o cara.
- Ok... hmmm...eu estou pensando aqui com os meus botões...
- E?
- Vem comigo.

Ângela se teletransportou para a porta. Diego saiu correndo, a alcançou e disse:

- Se você fizer isso de novo eu vou me transformar num koala e você não vai gostar.
- Desculpa. Reflexo condicionado. – ela sorriu novamente. Diego não conseguiu evitar pensar que o humor dela melhorara consideravelmente. Ela havia passado daquele estado seco e mórbido para uma agora leve e saltitante disposição para qualquer coisa.

Eles foram seguindo pelos corredores da Agência até a sala de reuniões do Dr. Moura, onde Romi geralmente ficava****, e a encontraram assistindo Hello Dolly pela bilhonésima vez.

- Romi?

Romi virou sua órbita de cima. Não que isso parecesse fazer diferença, mas ela achava que os humanos nunca ficavam satisfeitos se ela não esboçasse nenhuma reação.

- Onde ficam as roupas do Dr. Moura?

Romi deixou sua órbita superior pender para o lado, em óbvia expressão de dúvida.*****

- A gente acha que alguém implantou algum tipo de escuta nele. Será que você poderia verificar?

Ainda desconfiada, Romi se levantou, saiu da sala e foi andando pelo corredor, seguida pelos dois jovens. Depois de virar quatro vezes à direita e ir parar em um corredor absolutamente diferente, ela parou em frente a uma porta.

- Podemos entrar, Romi?

Romi fez um gesto de “vocês primeiro”. Ângela colocou a mão na maçaneta. Diego colocou a mão em seu ombro.

- Ângela, você acha isso uma boa idéia?
- Ele nos treina para quê, Diego? De que adianta o treinamento se nós não podemos resolver os problemas na nossa própria casa?

Diego parou. Não que o argumento de Ângela tivesse sido particularmente convincente. Ele parou por outro motivo. Ela chamou a Agência... de nossa casa.

Então é isso que é ter uma casa? É isso que é se sentir em casa?...
Mais que um lugar? Algo que temos que proteger?
Como seria a minha vida fora daqui? Sem essas pessoas?
Será que eu poderia voltar para a floresta? Será que eu ficaria bem lá?
Tudo aquilo que eu conhecia como família foi destruído.
Eu vou estar sozinho. De novo.
Não vou ter com quem contar. De novo.
De novo abandonado, de novo sozinho, de novo sem ter com quem ou o quê me importar.
Sem ter quem se importe comigo.


As memórias de Alcebíades, de Dr. Moura e da Ângela fluíam aos borbotões na mente de Diego.

Eu não quero ter que ir embora. Eu tenho que proteger essas pessoas. Eu tenho que proteger... o meu lar.




* Na verdade, se teletransportava, mas Ângela insistia que era quase a mesma coisa que pular
** Que já passara por exatamente 582 reformas desde sua construção, há 2 anos.
*** Por lugar quieto entende-se um lugar fora do alcance de pernas, mãos e corpos em movimento. Nunca se sabe quando um pé ou braço perdido pode voar na sua cara.
**** Por nenhum outro motivo que não a gigantesca tv de plasma e o sistema de som.
***** Mas que poderia ser melhor traduzida por “Por que diabos você está me perguntando isso?”

2.11.05

Formiguinhas...

Estou me sentindo uma formiga ultimamente...
Estou olhando para um futuro de 12hs de trabalho por dia, metade no escritório e metade em aulas pelo rio de janeiro inteiro... Ó vida...
Isso sem contar que eu estou, estupidamente, estudando pro vestibular da ECO, no qual eu não vou passar.
Mas... I'll cheer up. Depois do dia 13 (que é a prova) as coisas devem melhorar... Afinal, o último dia de filmagem do filme do Régis deve estar próximo também... ^.^
(Deus. Eu nunca achei que eu fosse ficar tão feliz de me livrar de um filme...)

E aí eu volto a escrever. Mi.