Blanche's rebellion weblog. Beware...

16.6.05

Ok... continuando com a tocha olímpica ^.^:


Hm... 3 minutos, 3 minutos... *PUF*
*PUF* Mais um prédio... Cara esquisito aquele na recepção...*PUF*
*PUF* Hm... se eu conseguisse um que dê pra descer de elevador ajudava!!*PUF*
*PUF* Dois minutos. Hm... aquele dá...*PUF*
Putz... será que ele tava me cantando?
*PUF*
ÔÔÔÔ!!!
A garota olha para baixo, e sacode os braços tentando recuperar o equilíbrio. Um mendigo lá embaixo, na Rua México, vê um vulto de mulher se sacudindo no topo de um prédio. O mendigo volta a olhar para a garrafa de pinga, contente com o pensamento "essa é boa mesmo!"
*PUF-PUF*
Ufffff... Essa passou perto.
Ela era Ângela Lehve, uma courier com um passado estranho... e poderes mais estranhos ainda. E ela também tinha acabado de escapar por pouco de despencar do topo do prédio onde tinha se materializado há alguns instantes atrás.
- Tá vendo, sua burra? Você fica se distraindo... - ela entra pela porta corta-fogo do terraço - ... e depois quer cair no lugar certo... Ô inferno... meio minuto.
O fato de que ela fora obrigada a se teletransportar várias vezes em um curto espaço de tempo não lhe incomodava. Pelo menos não mais. Mas aquele último, para sair do parapeito e ir para terra firme realmente a deixou meio zonza. Assim, ao olhar para baixo e ver os infindáveis lances de escadas que a aguardavam, sua cabeça rodou e ela deu um suspiro.
- Ótimo. Agora estou num filme de Hitchcock. E eu que achava que o dia tinha começado bem.
O dia realmente tinha começado bem. Até ela chegar no trabalho e descobrir que, não importava quão rápida ela fosse, o seu chefe sempre haveria de encorajar a política de "encare o seu trabalho como um desafio!!" E ela achava que as multinacionais eram ruins.
Acumulados esperavam por ela 831 pacotes dos tamanhos mais variados, todos com entrega urgente. Não era de se espantar que dois funcionários tinham se demitido no último mês. Mas a Hermes, na verdade o Sérgio, seu chefe, se recusava a contratar mais gente.
- Isso está saindo do controle. - disse ela, aparecendo mais uma vez, assustando mais uma pessoa, entregando mais um pacote, colhendo mais uma assinatura trêmula, correndo mais uma vez para a porta e sumindo novamente - Dois minutos e meio de atraso... Ai, o Sérgio vai me matar.
Por sobre o frenesi de estar com dois minutos e meio de atraso, e ainda sobre a raiva de seu chefe, Ângela fazia na verdade um esforço para não voltar a divagar, agora que outras informações lhe vinham à mente. Ela sempre fora muito observadora, mas nem precisava ser na verdade para notar que, quando ela apoiou a prancheta sobre a mesa para colher a assinatura naquele prédio inencontrável, sobre o balcão da recepção havia alguns pêlos muito grossos e marrons.
Ou -pensou ela - eles são uma espécie muito estranha de veterinários que têm consultório no centro da cidade ou devem estar fazendo experiências com animais. Mas ainda assim, um laboratório com animais no centro da cidade? Ninguém ia pagar um aluguel tão caro por isso. Isso se faz no campo...
Ela parou, abriu a bolsa e verificou alguns papéis.
Mas... porquê papéis da embaixada da Argentina???
Sempre que Ângela encasquetava com um assunto, era impossível tirá-lo da sua cabeça. Ela decidiu então, para o bem de sua própria sanidade mental, voltar ao prédio depois do expediente. Pelo menos o que os infelizes faziam ela ia acabar descobrindo.

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