Blanche's rebellion weblog. Beware...

25.7.05

Parte [não sei o número] de Ângela Lehve:

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- Hmmmm...
- Olha! Ela está acordando!
- Vamos começar?
- Olá. Espero que esteja se sentindo bem.
- Onde eu estou?
- Antes disso temos algumas perguntas para fazer para você.
- Cadê o soro da verdade?
- Não precisa, larga isso. Por favor, querida, diga o seu nome para registro.
- Por quê?
- Por quê? Porque você invadiu o prédio de uma organização do governo, bisbilhotou assuntos de caráter confidencial e ainda (heh) fez um trainee de agente de idiota.
- Ela não me fez de idiota! Eu só estava pensando num jeito de encurralar ela!
- Calem a boca vocês dois. Alcebíades, você fala demais. Você já mandou uma das suas cópias verificar se ela não trouxe nenhum companheiro?
- Já, tem dois de mim analisando as fitas de segurança agora mesmo.
- Ponha outros quatro.
- Mas...
- Olha... se ela trouxe mais alguém, essa pessoa não pode ter saído do prédio, mas ela pode estar bisbilhotando mais coisas por aí.
- Humpf.... tá.
*POC* *POC-POC* *POC*
- Vocês ouviram. Vão lá e me mantenham informado.
- Eu vim sozinha.
- Quê?
- Eu... vim sozinha.
- Hm... ok. Podemos voltar ao seu nome?
- Não vou falar meu nome.
- Você prefere que eu fale?

As sobrancelhas dela se levantaram com o espanto.

- Lehve. Estou mesmo ficando velho. Não lembro direito se era Adriana ou Andréia ou Aless...

Sua boca se contorceu. Ela odiava quando lhe trocavam o nome.

- Ângela.
- Ah sim, isso mesmo. Ângela. Seu pai lhe deu esse nome quando você nasceu porque você parecia um anjo. Um anjo com o dedo na boca, que chorava alto o suficiente para enlouquecer qualquer mente sã, mas um anjo.

A cabeça de Ângela girava em um turbilhão. Não estivesse ela vendada, poderia notar que a supresa não era menor para os outros dois dos três homens na sala. Sim, seu pai sempre dissera isso. "No momento em que a vi pela primeira vez, percebi que você era um anjo, querida. Sua mãe queria Rebecca, sua avó queria Mariana, seu avô queria Elisadélia como a mãe dele. Mas eu conversei com a sua mãe... e Ângela ficou."

- Você...
- Ah, sim, querida. Eu conheci os seus pais. Eles me convidaram para ser seu padrinho, mas eu estava envolvido numa missão exterior. Cientistas brilhantes, os dois. Foram contratados para pesquisar o teletransporte de matéria.
- De fótons.
- De matéria. Qual era o nome?
- Klabbe. Projeto Zéfiro.
- Sim. Era Zéfiro, não era? É, faz sentido. Ele era o deus do vento. De qualquer forma, a Klabbe era só uma subsidiária de uma outra empresa maior. Mas isso não interessa a você.
- Doutor, isso tudo não interessa. Você está dando informações para ela e tirando nenhuma. O importante é saber como ela entrou aqui.
- Querida, você gostaria de responder a questão do meu companheiro impaciente?
- Eu...

Ângela respirou fundo. Suas lembranças estavam bastante nubladas, e ela não conseguia ter certeza do quanto eles tinham visto do seu teletransporte.

- Bem... eu acho que posso responder eu mesmo. Você se teletransportou por alguma janela, não? Dá para ver o que tem dentro da sala à distância, desde que a luz esteja acesa... Então você se teletransportou para dentro de uma sala vazia usando a janela. Estou errado?
- Não.
- Então a questão mais importante aqui não é como, e sim... Por que você veio para cá?
- Eu... não sei. Eu senti algo de errado hoje de manhã quando entreguei aquele documento da embaixada argentina.
- Eeeeeeeeeeeeei!!! Que documen...
- Cale a boca, Diego!
- Mas...
- O quê você viu de errado, Ângela?
- Tinha pêlos... Pêlos grossos no balcão, pêlos de bicho. As pessoas pareciam mais apreensivas, e bem... eu achei que talvez fosse um laboratório. E vim investigar.
- Isso não pode ser sério. Nós pegamos uma trombadinha curiosa, é isso mesmo? Eu não acredito que gastei os meus tranqüilizantes nela.
- Alcebíades, se você não está interessado, pode ir e levar as suas cópias para um lugar onde você será mais útil. Porque aqui você definitivamente não está sendo.
- Hmpf.
- Hihihihi
- Cala a boca, moleque. A conversa ainda não chegou na Argentina.
- Aiai. Muito bem, Ângela, uma última curiosidade. Depois que seus pais morreram, ouvi dizer que você correu para o laboratório e ficou dentro da câmara de fótons, é verdade?
- É.
- E você estava lá no momento programado para o disparo?
- Sim.
- Impressionante. Esse tempo todo eu acreditava que você tinha morrido.
- O raio não matava.
- Ah, matava sim... A Gu... quer dizer, a Klabbe tentou repetir o efeito em várias cobaias depois de você. Algumas desintegravam, algumas duraram apenas alguns dias... Até hoje não sei se eles tiveram sucesso. Claro que a máquina não era mais manipulada pelos seus pais, e isso pode ter sido o motivo das falhas, mas ainda assim... Eu achei que eles matariam você se você sobrevivesse.

Matariam? Ângela estava começando a achar aquele velho exagerado.

- Não. por um tempo eles ficaram me pesquisando... mas depois desistiram. Eu lembro que tinha um pesquisador que foi muito gentil comigo. Ele disse para eles que o problema era com a máquina, não comigo. E aí me encaminharam para tratamento psiquiátrico e me colocaram morando com uns parentes. É claro que eles não suportaram a minha presença por muito tempo, então eu saí cedo de casa.
- Hm... certo. Bem, Ângela, muito obrigado. É claro que nós vamos ter que manter você aqui por mais algum tempo, mas não precisa ficar preocupada porque ninguém aqui vai machucar você.
- Mas... por quanto tempo... e quem são vocês?
- Bem... eu sou o Dr. Moura. E você está na AIB, a Agência de Inteligência Brasileira.
- Dr. Moura, você acha prudente...

Mas Ângela não estava mais ouvindo, porque neste momento o Dr. Moura injetou no se braço mais uma dose de tranqüilizantes.

- ...ela saber de tanta coisa?
- Primeiro, Alcebíades, ela é a filha de duas pessoas que foram grandes amigos. Segundo, ela se teletransporta. Terceiro, ela tem um poder de observação que eu não vejo em um agente faz mais de dez anos. Quarto, ela pode ser um protótipo de uma arma inimiga que devemos conhecer. Quinto e último, ela precisa de proteção.
- Proteção? - disse Diego.
- Você não presta atenção mesmo, hein moleque? Você realmente acha que uma empresa que estava pesquisando teletransporte ia deixar um experimento bem sucedido andando por aí sem nenhum tipo de observação? Não faz o menor sentido que ela não esteja sendo seguida até hoje em dia, pelo menos na medida do que é possível seguir uma pessoa que se teletransporta. Vamos. Levem-na para um quarto do setor J-105. Mantenham-me informado.

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