Blanche's rebellion weblog. Beware...

21.4.04

Era uma vez Jânio.
Jânio estava feliz, em sua casa feliz, que ficava no pé de um matinho na beira de um grande reservatório de água.
Ele morava ali há algum tempo, mas não mais que um quarto da sua existência.
Era um lugar de paz e tranquilidade. O matinho florescia e ele tinha onde se abrigar e o que comer, sem que nada lhe faltasse.
Até que... tandandaaaaaam.... Em um terrível dia de chuva... Ele ouviu passos. Os passos, no entanto, não eram passos comuns, como os que ele costumava ouvir. Eles soavam muito mais como trovoadas. A terra tremia com o peso daqueles passos. E então, Jânio teve medo.
Desde que se mudara, aquele lugar era o seu refúgio, o seu pequeno planeta. Por tanto tempo ele sonhara em ter um lugar seguro, só para si... Mas agora o lugar não parecia mais tão seguro, e tampouco ele parecia estar sozinho.
Os passos se aproximavam, ele podia sentir pela vibração intermitente do solo. Jânio esperava que sua casa fosse atingida a qualquer momento, mas de repente, o tremor cessou por completo.
Jânio respirou aliviado, e começou a questionar o que acabara de experimentar. Ele nunca fora dos mais corajosos, e era altamente sugestionável, tendo plena consciência de ambos. Por um momento, Jânio conseguiu convencer-se que delirava, e que era apenas um sonho ruim, prestes a terminar.
Mas eis que ele ouve um barulho terrível, ensurdecedor, que lembrava algo metálico e letal, o que com certeza, não era nada saudável, fosse verdade ou imaginação.
Jânio revolvia-se em seus pensamentos. Estaria mesmo delirando? O som parecia tão nítido e real, e sobretudo, o mais preocupante, próximo.
Se encontrando neste momento em estado de letargia, ele decidiu que, sonho ou realidade, era necessário enfrentá-lo. Ele deu dois passos para frente, ainda vacilante, sacudiu a cabeça, tomou ânimo e deu mais dois passos, agora resoluto.
E foi nesse momento que a lâmina pouco afiada de uma tesoura de jardinagem cortou a grama, levando consigo a vida de Jânio, um pequeno invertebrado, com seus sonhos e pesadelos, sem misericórdia ou piedade.

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