Blanche's rebellion weblog. Beware...

7.9.04

Eu ODEIO Copacabana.

Hoje eu e o PB tivemos mais uma de nossas discussões dialéticas sobre lugares e pessoas. (Ele pode confirmar e está convidado a falar o que quiser.)
Estávamos nós no ponto de ônibus, com vista de camarote para um não tão pequeno grupo de playboys com carros "tunados" (prá quem não conhece esse termo, tuning é quando vc faz alterações no carro, seja para melhorar o desempenho ou a aparência. Existe toda uma controvérsia entre os aficcionados por carro sobre isso, pq alguns acham que apenas as mudanças para fins de desempenho são tuning, enquanto outros não... mas isso não vem ao caso...), e o PB começou a reclamar pq eles estariam cultivando uma falsa sensação de segurança por achar que estavam num ambiente esterilizado. Isso gerou toda uma discussão sobre o quão realmente esterilizada a Barra é. Porque para mim, ambiente esterilizado é aquele no qual há poucas pessoas, e onde tudo é controlado etc. A Barra dá sim, uma ilusão de controle, mas ela é tão falsa que não dá nem prá levar a sério. Aquelas pessoas que nós estávamos vendo eram as pessoas que atiram coisas nos transeuntes, que (quase) atropelam pedestres, que cantam pneu, que colocam suas vidas e as de outros em risco. Isso não é esterilizado. Daí a discussão descambou para outros bairros, e eu comecei a questionar o real custo-benefício de morar na Zona Sul (como vou ter que fazer em breve, creio eu), que é um lugar não-esterilizado. Você paga os olhos da cara num apartamento para poder conviver com um contingente absurdo de mendigos, pivetes e velhos decrépitos, ir mais rápido a pé do que de carro/ônibus para a maioria dos lugares, para morar perto de uma praia na qual você não pode ir, sob o sério risco de sofrer severas mutações genéticas e por aí vai.... Sem contar que as coisas são muito mais baratas aqui do que lá. Até muito pouco tempo atrás, pelo menos, a esmagadora maioria das pessoas que moravam aqui vinham do subúrbio. Elas tinham uma cultura, que foi meio que incorporada pelos moradores em geral, de pechinchar loucamente. Eu acho que o morador average de Copacabana/Ipanema/Leblon (exclui-se Bairro Peixoto, que é outra dimensão) tende a ser muito mais próximo daquilo que as pessoas entendem como o esnobismo da Barra do que os próprios moradores da Barra.
Essa discussão ainda dá muito pano prá manga, mas eu fico por aqui pq tenho que ir dormir.
E viva os meus amigos que compreendem que a Barra não fica mais distante em tempo do Rio Sul do que o Méier.
Viva aqueles que não deixam a preguiça impedi-los de fazer as coisas.
E viva o Rafael, porque afinal ele vem da Ilha!

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