Blanche's rebellion weblog. Beware...

23.3.04

Olá, minha gente...
Ontem eu postei uma coisa e depois me arrependi do que tinha feito...
Me senti culpada e errada...
Eu tive uma atitude arrogante.

Hoje parei para pensar... e resolvi ver o quão realmente culpada e errada eu estava...
Perguntei a algumas pessoas presentes no episódio em questão...
E bem, apesar de uma terceira pessoa não presente, mas que me conhece há um tempo, ter dito: "você É arrogante"... As pessoas presentes no episódio em questão me disseram que dentro do contexto no qual a atitude estava inserida, ela não foi arrogante.
É claro que isso não me tira o alerta para o fato de que eu posso me comportar de uma forma extremamente rude e ser arrogante sim...
Mas pelo menos estou mais tranqüila agora...
Peço desculpas às pessoas com quem eu fui grossa e arrogante algum dia....
E agora, com o perdão de meus leitores, vou partir para aquilo a que esse blog se dedica:

Era uma vez um professor. Ele não era má pessoa, mas dar aula não era um de seus maiores prazeres na vida. Ele se julgava exemplar, um verdadeiro talento naquilo que fazia (fora dar aula). Seguindo o ditado de quem sabe faz, quem não sabe ensina, ele cria saber fazer muito bem...
Este professor estava tendo problemas recorrentes com uma determinada turma, para a qual dava aulas à noite. Aparentemente nenhum, ou quase nenhum, aluno conseguia escrever uma história. Fosse por problemas de coesão e coerência, fosse pela incompetência no uso da língua ou mesmo pelo fato de que eles simplesmente não conseguiam criar uma história interessante, aula após aula, todas as suas tentativas de passar conhecimento e bom senso aos alunos eram um fracasso.
Considerando que ele dava aulas no período da manhã, e era portanto forçado a acordar às 6hs, ele chegava à aula já sem paciência, e criticava os roteiros dos alunos "apaixonadamente" (o que podemos traduzir por "isso não tem história!! Vocês tiveram um péssimo professor de roteiro antes de mim! Vocês não sabem escrever! Você não devia ter feito isso! É melhor começar tudo de novo!"). Eventualmente os alunos, não compreendendo as críticas ou conseguindo se comunicar com o professor, contra ele se revoltaram. O episódio fatídico se deu em um dia no qual um aluno mostrava seu roteiro para o professor, que não o deixava sequer defender suas próprias idéias ("Posso falar, professor?" "Não, agora não, você não pode! Você tem que entender e aceitar que está errado!"). O aluno então arrancou as páginas da mão do professor, dizendo que não precisava de ajuda. O professor, chocado, começou a defender-se, dizendo que a turma se recusava a aprender. Os momentos subseqüentes foram tomados de pandemônio. Os principais oradores da turma urravam, argumento se sobrepondo a argumento. O professor começou então a dar suas últimas cartas, dizendo que abandonaria a turma, uma vez que não conseguia o mesmo sucesso com esta do que com a outra (que tinha aulas de manhã). Justificou sua aparente falta de paciência e diálogo com o (não irrelevante) fato de que estaria muito cansado para dar aulas à noite, que já havia conversado sobre o fato com a Coordenadoria, e que gostaria que os alunos escrevessem cartas pedindo sua substituição. Quando tudo parecia bem ele voltou à carga dizendo que a turma tinha deficiências no aprendizado, o que gerou outra comoção. Alguns alunos começaram a explicitamente criticar suas habilidades didáticas e metodológicas.
E então uma aluna levantou a mão.
Ela pediu licença e justificou sua interrupção dizendo que também era professora. O professor a interrompeu, justificando que ele, por sua vez, não o era. Ela então pediu licença para falar novamente e expôs a idéia de que o problema entre o professor e a turma era que as críticas do professor não incentivavam o aluno a reescrever e melhorar seu texto, mas sim desistir dele. Que a desistência do professor em relação à turma não era necessária, ou sequer o real desejo da turma, mas que uma vez que houvesse uma melhor situação de diálogo, tudo provavelmente corresse bem.


E essa é a linda história, contada sob um outro ângulo, de um dia de aula na faculdade de cinema.
Beijos a todos.

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